terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Personagem de história infantil vira super-herói tricolor

Qual jogador não sonha em chegar em um Maracanã lotado, sair do banco de reservas e fazer os gols que dão o título brasileiro para o clube de seu coração? Assim foi a história do catarinense Adalberto Kretzer, apelidado de Mickey devido a suas orelhas de abano. Daí o título desta matéria, criado por Octavio Sarmento, testemunha ocular desse enredo, contado em sua coluna aqui no site Oficial.
Autor de quatro gols nos últimos quatro jogos do Fluminense na campanha vitoriosa da Taça de Prata de 1970, o artilheiro “paz e amor”, como ficou conhecido pela forma como comemorava seus gols, está a cada dia mais feliz por ter se eternizado na memória do clube que ama.
Mas nem tanta importância e carinho que a torcida tem com o autor do gol do título do primeiro brasileiro do clube faz com que Mickey perca a humildade que sempre o acompanhou ao longo da carreira. O artilheiro das decisões também foi o autor de um dos gols mais importantes da fase de classificação, em uma partida contra o Atlético- PR, fora de casa, que terminou em 1x1. Ainda assim ele não acredita que este tenha sido o fato mais importante daquele jogo, mas sim uma defesa do goleiro Félix já no final do segundo tempo, que levou o árbitro inclusive a acabar com a partida naquele momento.
- O gol contra o Atlético- PR foi o mais importante da minha carreira, mas acho que a defesa do Félix foi bem mais importante que o meu gol, pois se não fosse por ela nosso sonho acabaria ali, naquele momento. Quando ele voou para defender e conseguiu fazer algo que parecia impossível até o juiz se rendeu e encerrou a partida – recorda.
A força do time como um todo sempre foi o que os torcedores exaltavam daquele grupo de jogadores vitoriosos. Este exemplo é seguido por Mickey, que não se considera um herói por ter sido decisivo para o Tricolor na conquista do primeiro Brasileirão da história do clube. Em sinal de nobreza ainda maior, parabenizou Emerson, autor do gol que deu o Tricampeonato ao Flu neste ano.
- Não sou um herói, sou um participante, pois ganham todos do grupo e não apenas um ou outro. Isso vem desde a diretoria, que sempre tem seus méritos, até nós jogadores. Quero agradecer ao Emerson pelo elogio que fez a mim e ao Romerito, pois com esse ato mostrou uma humildade incrível e é isso que realmente faz um jogador campeão – destaca.
O reconhecimento de figuras como Mickey para a história de um clube acontece de maneira natural como esses jogadores da época costumam dizer, mas o carinho que eles recebem de torcedores que começavam a gostar de futebol e até mesmo dos que nem o viram jogar, faz com que essa história jamais se perca no tempo. Segundo Mickey, a emoção de ver torcedores o reconhecendo na rua e pedindo autógrafos só mostra a importância daquele time para o Fluminense.
- Bate uma emoção muito grande. Estava com meu filho em Santa Catarina, todos vinham até mim e ele me falou que isso era normal acontecer, pois eu havia feito os quatro gols decisivos do Fluminense em 70. Conseguimos tudo de forma pacífica – afirma.
Para quem não conhece a história da entrada de Mickey no time titular do Fluminense, ela se deu da seguinte forma: o artilheiro do Flu, Flavio Minuano, sofreu uma lesão na partida contra o Atlético- MG, ainda na fase de classificação e acabou desfalcando o time nas últimas quatro partidas. Então foi solicitado que o atacante “paz e amor” entrasse e desse conta do recado. Pedido feito, pedido atendido. Além do gol na fase de classificação, ele marcou também nas partidas do quadrangular final contra Palmeiras, Cruzeiro e Atlético- MG.
- A história ocorrida é muito bonita e emocionante. Eu era uma peça do grupo, nunca me considerei reserva ou titular absoluto, como todos os demais amigos do nosso elenco. Quando precisei entrar recebi o apoio e tive um respaldo de todos. Graças a Deus tudo deu certo e fomos os campeões – comemora.
Depois de uma história tão bonita e emocionante, nada mais justo que o reconhecimento de um título tão suado e inesquecível para todo tricolor. Para Mickey, este reconhecimento ocorre por parte da torcida do Fluminense sempre que se fala em títulos brasileiros, pois eles jamais pensaram de outra forma.
- Tivemos agora antes da decisão uma homenagem e senti na presença da galera uma emoção muito grande. Todos saindo de seus estados para estarem juntos. Fiquei muito emocionado com essas noticias que estou ouvindo e sei que a torcida sempre me reconheceu por ser tricolor. Brigamos muito pelo reconhecimento deste título, pois ele era muito difícil de vencer, era muita gente boa em campo - conclui Mickey emocionado.
Depois da história do título que valeria um filme, da crônica emocionante sobre a conquista, escrita por Octavio Sarmento, e a matéria do artilheiro “paz e amor”, a série de especiais com os heróis do título brasileiro de 1970 segue com tudo para contar a história de Denilson, O Rei Zulu. Não perca, nesta quarta-feira.

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